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PESQUISA 

A pesquisa empreendida pelo VULCÃO está ancorada em 3 frentes principais, todas elas entrecruzadas: o deslocamento da literatura para a cena; a investigação do Espaço Social da Mulher; a pesquisa corporal como dramaturgia do ator.

Transpor a Literatura para a Cena é dar corporalidade cênica para uma obra inicialmente criada para apenas ser lida.  Esse diálogo se faz entre o TEATRO e a LITERATURA, campos por natureza sensíveis à exploração do humano. Este tema de pesquisa tem a intenção de buscar mecanismos que possam deslocar a experiência individual que a literatura proporciona para a experiência compartilhada que o teatro permite, ampliando assim, a potência e as possibilidades de reverberação no pensamento.

A atriz e diretora Vanessa Bruno desde 2010 desenvolve uma investigação cênica em torno de procedimentos para o intérprete trazer obras de Clarice Lispector para a cena. Concluiu em 2015 sua pesquisa de mestrado em Pedagogia Teatral na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), denominada “Clarice através do ator”. Essa investigação tornou-se pilar das obras do VULCÃO, por meio da qual surgiu “Brincar de Pensar - contos de Clarice Lispector no palco para pessoas grandes ou pequenas” - primeira obra do repertório do coletivo. Os procedimentos estudados em Clarice expandiram possibilidades ao serem colocados na sala de ensaio para dar voz a Marguerite Duras e Sylvia Plath, o que resultou nos espetáculos subsequentes “A Dor - a partir de La Douleur de Marguerite Duras”, “Pulso - a partir da vida e da obra de Sylvia Plath” e, a montagem que completa trilogia solos do VULCÃO, "Águas do Mundo - a partir da obra de Clarice Lispector".

Em meio a essa pesquisa artística, tem sido determinante para as investigações dos espetáculos pensar as construções sociais das mulheres de nosso tempo, amparados nas fricções possíveis que a ficção pode fazer com a realidade.

PESQUISA

O espaço é aqui pensado, não só por uma perspectiva estética, mas por uma problematização sociológica que, através das palavras de Lispector, Duras e Plath convoca para o pensar junto e a partir delas, tanto no campo das memórias e construções de si, quanto verticalizando o debate sobre os paradigmas sociais de gênero e os projetos de representatividade, reconhecimento, validação e espaço da Mulher.

 

Além disso, todo o trabalho de criação dos espetáculos tem sido amparado por um processo de preparação corporal tendo em vista uma dramaturgia do ator, conduzido por Livia Vilela, atriz, especialista da Técnica Klauss Vianna pela PUC-SP e mestranda em Pedagogia do Teatro na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Por meio da Técnica Klauss Vianna (TKV) a preparação é feita de tal modo que os intérpretes tornem-se conscientes de suas escolhas de movimento e, portanto, responsáveis pela condução da narrativa, não apenas do texto literário selecionado, mas através de uma “escritura cênica” que vai sendo delineada em conjunto.

 

O coletivo compartilha sua pesquisa através de ações como o [VULCÃO CONVERSA], o Treinamento VULCÃO e a realização de workshops ministrados pelos propositores.

 

[VULCÃO CONVERSA]

VULCÃO CONVERSA
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Iniciada em 2016, a atividade consiste em uma conversa, logo após o espetáculo, com convidados que possam contribuir com o exercício de ampliação dos sentidos da obra experienciada, numa interlocução entre os propositores do VULCÃO e o público.

A primeira edição do [VULCÃO CONVERSA] ocorreu no Teatro de Arena Eugênio Kusnet, na programação do Projeto #VulcaoOcupaArena, para dialogar sobre a transposição da literatura para a cena, da qual participaram o diretor Emerson Danesi, o ator Gabriel Miziara, a diretora Malú Bazán, o diretor César Baptista, a atriz Natalia Gonsales e a dramaturga Marina Corazza. A edição seguinte aconteceu durante a segunda temporada de "A Dor", com  a escritora Andrea Del Fuego e os pesquisadores da obra de Marguerite Duras, Maurício Ayer e Clayton Veronese para pensar "Literatura feminina em cena" e "A escrita autobiográfica e os diários de Duras".

 

Em 2017, a terceira e quarta edições trouxeram mulheres de diversas áreas do conhecimento para compor a programação a partir de enfoques temáticos. 

 

Durante a temporada de "Pulso" foram 4 encontros: "O solo como grito: dando ouvido a vozes abafadas" com a atriz Amanda Lyra;  "Transposição da Literatura para a cena e ativismo feminista na encenação" com a crítica teatral Carmelinda Guimarães; "A disputa entre gêneros, a fuga de Sylvia Plath e as configurações do agora" com a psicanalista Silvia Marina de Melo Paiva e a psicóloga Maria do Socorro Prado; "A escrita de Sylvia Plath e o contexto da opressão doméstica" com a dramaturga Dione Carlos.

 

Na temporada de "A Dor" foi realizado outros 4 encontros: "A Autoria feminina: o que muda na narrativa?" com a jornalista e crítica Kyra Piscitelli; "Por que a Guerra hoje?" com a psicanalista Lélia Reis; "O testemunho na construção da história: narrativa da dor pessoal como resistência a regimes totalitários" com a historiadora Cássia Oliveira; "Limites entre vida e cena: construção ficcional a partir de diários" com a atriz Janaína Leite. 

Em 2018, logo após as apresentações de "Pulso"  na mostra da Velha Companhia no espaço Zona Franca, aconteceu o debate 'Plath e a escrita como resistência feminista' com a socióloga Carla Cristina Garcia.

Em 2019, durante a programação #VULCAOnoRECIFE no SESC Recife Santo Amaro foi feito após pré-estreia de "Águas do Mundo" o encontro com a cineasta Taciana Oliveira para discutir  ‘Uma Odisseia às avessas - a mulher em libertação’.  Após apresentações de "Pulso", foram realizadas mais duas edições do [VULCÃO Conversa]: ‘Muito além da redoma de vidro - Sylvia Plath e o contexto da representatividade feminina na literatura’  com a escritora Camila de Matos; ‘Eu, mulher, poeta - de Sylvia Plath até nós com a poetisa Renata Santana. A mediação de todos os debates foi do jornalista e cineasta Adriano Portela.

Ainda em 2019, durante a TRILOGIA SOLOS VULCÃO no Teatro de Contêiner, em São Paulo, foram realizados 3 debates. Após a sessão de  "Águas do Mundo" a roteirista Josefina Trotta e a diretora Marcela Lordy conversaram sobre "A Odisséia às avessas de Lispector". O debate de "Pulso" recebeu a cineasta Paula Sacchetta, para falar sobre "De Sylvia até nós - avanços possíveis". Por fim, após o espetáculo "A DOR" a dramaturga e poeta Carla Kinzo conversou sobre "O Olhar político da mulher na guerra". 

O VULCÃO pretende seguir com essa prática do [VULCÃO Conversa], a qual considera de enorme relevância para poder aprofundar sua pesquisa e ampliar a discussão junto da sociedade sobre as obras apresentadas.

TREINAMENTO VULCÃO

TREINAMENTO VULCÃO

Desde 2016, em meio às atividades como Residente do Programa Obras em Construção, da Casa das Caldeiras, o VULCÃO iniciou um trabalho sistematizado de treinamento com atores convidados. O trabalho se desenvolveu em 5 vertentes inter-relacionadas: estudos corporais a partir da Técnica Klauss Vianna, conduzido por Livia Vilela; conscientização vocal, ministrado por Elisa Volpatto; levantamento de material cênico e partituras através dos procedimentos para o deslocamento da literatura para a cena proposto por Vanessa Bruno; jogo a partir do método Viewpoints guiado pelo ator convidado Oliver Tibeau; e estudo de referências teóricas,  orientado por Paulo Salvetti. Esse processo de encontros regulares de 3 horas semanais criou um espaço de sistematização e compartilhamento mútuo de experiências com outros artistas, transformando-se numa prática constante de abertura de repertório criativo focado no treino do ator.

O projeto desenvolvido junto com o artista Lucas Pretti, foi realizado pela primeira vez em setembro de 2018. Consiste em um jantar servido pelos integrantes do VULCÃO para todos aqueles que gostam e querem pensar. Um encontro entre indivíduos, cidadãos e pensadores. Um encontro como obra para abrir lugar de fala e para alimentar todos pela mente e pela boca. Uma experimentação social e ação micropolítica. 

 

R U M I N A R, em sua primeira edição, recebeu convidados na cozinha da Casa das Caldeiras para um jantar-pensamento permeado por trechos de ‘Um teto todo seu’ de Virginia Woolf, ‘Teoria King Kong’ de Virginie Despentes, 'O que é lugar de fala?', de Djamila Ribeiro e por imagens do filme "Jeanne Dielman, 23, Quai du Commerce, 1080 Bruxelles" de Chantal Akerman, que foram disparadores para um diálogo sobre os limites do espaço social da mulher. O jantar, as palavras e a troca entre os presentes alimentaram a mente e engrossam o caldo e fizeram que ruminássemos ainda mais sobre questões urgentes de nosso tempo. 

R U M I N A R

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